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“É uma brasa, mora”? Talvez nem todo mundo entenda o significado dessa frase, mas ela é um dos símbolos da juventude brasileira da década de 1960. Os “brotos” que viveram aquela época mágica aprendiam gírias assim aos domingos. Era quando paravam em frente à TV para ver Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa comandando a Jovem Guarda, um dos programas musicais mais icônicos da história. Com temas românticos e sucessos inspirados no rock internacional, a atração lançou uma série de artistas e ditou modas e comportamentos, moldando uma parte importante da cultura nacional com suas músicas jovem guarda.
No Túnel do Tempo de hoje, o Blog da Bem leva você a um passeio sonoro por alguns clássicos de músicas da jovem guarda que embalavam aquelas jovens tardes de domingo. A lista vai de Sérgio Reis a Renato e Seus Blue Caps. O Rei, claro, não poderia ficar de fora, nessa incrível lista de músicos da jovem guarda.
Vai ser um estouro!
https://www.youtube.com/watch?v=KMRaq7JY0b8
A gente começa por um dos clássicos da dupla que simboliza essa época: Roberto e Erasmo Carlos. Festa de Arromba está no primeiro disco do Tremendão – A Pescaria, lançado em 1965. De certa forma, a música resume como seria a balada dos sonhos na década de 1960. Rony Cord, Prini Lopez, The Clevers, Rosemary, Ed Wilson: a nata da Jovem Guarda desfila pelo convescote imaginário que Erasmo narra. O eterno parceiro de Roberto Carlos talvez tenha sido a figura mais carismática daquela turma. Não à toa, ganhou o apelido de “gigante gentil”.
https://www.youtube.com/watch?v=rcX3zsYpY2U
Muita gente não sabe, mas o estilo de Sérgio Reis nem sempre foi sertanejo. O jeitão caipira veio depois de o cantor fazer muito sucesso na Jovem Guarda. Do alto de seus quase 2 metros, o grandalhão empunhava o violão e soltava a voz aveludada para chorar suas mágoas de amor em Coração de Papel – faixa que dá nome ao seu disco de estreia, lançado em 1967. A música tem uma história interessante. Serjão havia brigado com uma namorada e tentava, sem sucesso, escrever uma canção para retratar o seu desassossego. A inspiração bateu quando ele olhou para a lata de lixo abarrotada com as folhas de caderno que acabara de amassar e jogar fora.
https://www.youtube.com/watch?v=ZUHiEf7rHTc
Bem antes de Anitta espalmar a mão à frente e ganhar o mundo com o seu “Pre-pa-ra!”, Wanderléa já agitava as pistas de dança com uma coreografia que começava quase do mesmo jeito. Era quando a Ternurinha pedia desesperadamente para o juiz interromper o casamento de seu amado. E ela fazia isso de um jeito tão doce, com seus olhos cor de mel, que deveria ser difícil algum meritíssimo resistir à súplica da maior musa da Jovem Guarda. Pare o casamento, lançada em 1966, é uma versão para Stop The Wedding, do grupo americano The Charmetts.
As versões, aliás, eram uma das bases da Jovem Guarda. Aquela geração de artistas se inspirou muito na fase iê-iê-iê dos Beatles. Tanto que a banda inglesa tornou-se a favorita dos letristas brasileiros da época. Golden Boys, Fevers e até o príncipe Ronie Von gravaram músicas do quarteto de Liverpool em português. Mas nenhuma banda da Jovem Guarda criou mais versões deles do que Renato e seus Blue Caps. Os maiores sucessos românticos do grupo foram adaptados de composições dos Beatles. Um dos mais marcantes é Menina Linda, a versão de I Should Have Known Better que os brotos brasileiros rodavam sem parar no toca-discos.
Roberto Carlos atingiu um status mitológico no auge da Jovem Guarda. Mas nem a fama, o dinheiro ou o seu calhambeque importavam se ele não pudesse dormir de conchinha com o broto no inverno. Ao menos é isso que ele garante na letra de Quero que vá tudo pro inferno, composta em parceria com Erasmo Carlos e lançada em 1965 – ano de estreia da Jovem Guarda. A música, aliás, é a primeira faixa de um disco que ganhou o nome do programa. O “cobertor de orelha” que Robertão tanto queria era a sua namorada Magda Fonseca. Ela havia ido para os Estados Unidos fazer um curso, deixando o Rei morto de saudades – e de frio.