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O mês de novembro marca o fim da novela Dona do Pedaço, da Rede Globo. As aventuras da doceira Maria da Paz, interpretada por Juliana Paes, prenderam a atenção da audiência nos últimos seis meses. Nada de novo: afinal, as telenovelas são mesmo uma paixão nacional. Os autores brasileiros conseguem contar histórias que emocionam e divertem os espectadores.
A teledramaturgia nacional surgiu em 1951 e se popularizou a partir do final da década de 1960, com o aumento da venda de televisores. De lá para cá, muitas tramas, personagens e bordões se tornaram parte da memória do país. Hoje, o Túnel do Tempo do Blog da Bem relembra alguns deles. Confira quatro novelas que marcaram época.
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A gente começa por uma trama que pode ser considerada a primeira campeã de audiência no antigo horário das 20h. Irmãos Coragem, escrita por Janete Claire e dirigida por Daniel Filho, conquistou o país com uma história inspirada nos filmes de faroeste americanos. Foram 328 episódios, exibidos entre junho de 1970 e julho de 1971.
O enredo abordava a exploração do garimpo na fictícia Coroado, localizada no interior de Goiás. Essa, aliás, foi a primeira cidade cenográfica construída pela Globo. João Coragem, um humilde garimpeiro interpretado por Tarcísio Meira, era o protagonista. Ele lidava com os desmandos do Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho), que dominava a cidade.
O político Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e Duda (Cláudio Marzo), um jogador de futebol, eram os irmãos de João e o ajudam a enfrentar o mandatário local. A novela ainda contava com Glória Menezes, Regina Duarte, Emiliano Queiroz e Zilka Sallaberry nos papéis principais.
O tema de abertura de Irmãos Coragem era cantado por Jair Rodrigues.
Daniel Filho é um dos mais emblemáticos diretores da história da teledramaturgia brasileira. Exibida entre julho de 1978 e janeiro de 1979, Dancin’ Days foi outro de seus sucessos no horário das 20h.
A novela, escrita por Gilberto Braga, pegava carona na moda das discotecas, popularizadas pelo filme Os Embalos de Sábado à Noite, que tinha John Travolta no papel principal. Em Dancin’ Days, a protagonista era a ex-presidiária Júlia Matos, vivida por Sônia Braga.
As cenas mais marcantes da trama se passavam nas noitadas da boate que dava nome à novela, ao som dos sucessos da disco music. O lugar era inspirado na Frenetic Dancing Days, uma casa noturna criada pelo jornalista Nelson Motta, no Rio de Janeiro.
Dancin’ Days contava com nomes como Joana Fomm, Glória Pires, Reginaldo Faria, Lauro Corona e Antônio Fagundes em seu elenco. Já o tema de abertura tornou-se o maior sucesso do grupo As Frenéticas.
“Tô certo ou tô errado?”. O bordão do fazendeiro Sinhozinho Malta, interpretado por Lima Duarte, faz parte do imaginário dos brasileiros. A figura caricata do personagem e a sua paixão pela viúva Porcina (Regina Duarte) foram o ponto alto da trama, exibida entre junho de 1985 e fevereiro de 1986.
Na verdade, Roque Santeiro deveria ter ido ao ar muito antes. A estreia aconteceria em junho de 1975, mas a censura proibiu a veiculação no dia marcado para a exibição do primeiro capítulo. É que a estória era uma adaptação da peça O Berço do Herói, de Dias Gomes. E esse texto já havia sido vetado pela Ditadura Militar em 1966. A proibição gerou um atraso de 10 anos.
Dias Gomes dividiu a autoria da novela com Aguinaldo Silva. Já a direção ficou por conta de Paulo Ubiratan. O personagem-título foi interpretado por José Wilker. Roque Santeiro ainda contou com outros nomes de peso, como Ary Fontoura, Yoná Magalhães, Heloísa Mafalda, Armando Bógus e Cássia Kiss.
Os vilões são sempre um capítulo à parte nas novelas brasileiras. E alguns deles caem nas graças do público. Foi assim com a intratável Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall. Ela roubou a cena em Vale Tudo, exibida entre maio de 1988 a janeiro de 1989. Aliás, a personagem se destacou até depois de ter sido misteriosamente assassinada.
É que o Brasil passou meses esperando o desfecho da trama para saber quem havia matado Odete Roitman. Escrita por Gilberto Braga e Aguinaldo Silva, Vale Tudo foi dirigida por Dennis Carvalho. A novela abordava o tema da honestidade, contrapondo a batalhadora Raquel Acioli (Regina Duarte) e sua filha, a golpista Maria de Fátima (Glória Pires).
Reginaldo Faria, Renata Sorrah, Cássia Kiss, Antônio Fagundes e Daniel Filho eram alguns dos astros que formavam o superelenco da atração. Em 2016, a revista Veja elegeu Vale Tudo como a melhor novela brasileira de todos os tempos, ao lado de Avenida Brasil.